A hanseníase na história e o negacionismo moderno
"Narrativas religiosas associavam as marcas na carne aos desvios da alma: eram os sacerdotes, e não os médicos, que davam o diagnóstico. No Velho Testamento, o rei Uzziah foi punido por Deus com a doença, por ter realizado uma cerimônia exclusiva aos sacerdotes. Mesmo sendo rei, teve que ir morar numa casa isolada e não foi enterrado no cemitério dos soberanos. Já no Novo Testamento, é marcante o episódio em que Cristo “limpa” um leproso.
Quando não eram enviados para leprosários e excluídos da sociedade, os doentes não podiam entrar em igrejas, tinham que usar luvas e roupas especiais, carregar sinetas ou matracas que anunciassem sua presença e, para pedir esmolas, precisavam colocar um saco amarrado na ponta de uma longa vara. Não havia cura e ninguém queria um leproso por perto!
Somente em 1873, a bactéria causadora da moléstia foi identificada pelo norueguês Armauer Hansen, e as crenças de que a doença era hereditária, fruto do pecado ou castigo divino foram afastadas. Porém, o preconceito persistiu, e a exclusão social dos acometidos foi até mesmo reforçada pela teoria de que o confinamento dos doentes era o caminho para a extinção do mal."
Irene Cavaliere
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O negacionismo atual contra as vacinas têm raízes históricas, quase sempre, mas não só, por conta de superstições religiosas. Nos dias de hoje, pastores "neopentocostais", cujas faces mais conhecidas no Brasil são as dos inefáveis Edir Macedo e Silas Malafaia, lideram o "negacionismo religioso" por cá.
No fim, a ciência- o saber- acabam pro prevalecer, mas milhares de vidas de brasileiros poderiam ter sido salvas não fosse a estupidez criminosa destes vendilhões do templo modernos.
Zatonio Lahud
O texto completo de Irene Cavaliere está no site Fiocruz- Hanseníase na História
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