Jilozinho me
ligou hoje cedo lá de São José do Calçado (ES), a linda cidade onde nasci. A
notícia é que Totó está criando veado.
-Jarrão, seu
viadão gay, tenho uma boa pra te contar, uma não, duas!
- Então
diz...
- A primeira
é que tô adorando a Segunda, nosso Fogão é líder e tô dando beiçadas di cum
força pra comemorar! A segunda é que o Totó tá “criano” veado!
-Bem,
Jilozinho, a primeira notícia deu pra perceber pelo bafo, mesmo nós estando
conversando por telefone, quando à segunda novidade me explica isso direito?
- Quem tem
bafo é seu cu, seu viadão gay ignorante! E não vou contar mais porra nenhuma!...
Ah, vou sim, essa é muito boa!
- Então desembucha!
- Calma,
porra! Quem tá pagando a conta de telefone é você, não eu... É o seguinte, outro
dia o Totó vinha com o Alan do Mauro de Guaçui, no caminho viram um filhote de
veado-campeiro ao lado do corpo da veada da sua mãe, que havia sido atropelada e estava morta.
Pegaram o veadinho e o Totó tá criando o bichinho. Sabe qual o nome que ele
botou no bicha, quer dizer, no bicho?
- Sei não,
Jilozinho?
- Serguey...
O nome do veadinho é Serguey. E o Totó tá cheio de viadagem com seu veado de
estimação, não deixa o Foguinho (cachorro pinguço e tarado do Jilozinho) chegar
perto dele de jeito maneira! Diz que ele vai estuprar o Serguey do mesmo jeito
que fez com a Menga (galinha de estimação do Totó). A Menga faz jus ao nome, Jarrão, é bem
safada, gostou do estupro e “aviciou”: não pode ver o Foguinho que se arreganha
toda... Mas quem vai comer o veado vai ser eu, não o Foguinho!
- Que isso,
Jilozinho, endoidou de vez ?!
- Não, né,
Jarrão, meu negócio é muié, vou fazer um churrasco do Serguey pra comemorar
nosso título da Segundona! Depois sumo daqui uns tempos, pois o Totó vai querer
me matar... Tá apaixonado pelo veado! Bem, vou dar umas beiçadas...
OBS: Guaçui, cidade do Sul capixaba é vizinha de
minha São José do Calçado, e fica às margens do Rio Veado. O nome deve-se à grande quantidade de veados-campeiros que
habitavam o local na época de sua colonização.
Getúlio
Vargas, depois da Revolução de 1930, mudou o nome de Guaçui, que se chamava São
Miguel dos Veados, para Siqueira Campos, um dos líderes dos movimento “Tenentista”
que eclodiu no Brasil em 1922. Mas a homenagem ao amigo não deu certo, e a família
do homenageado pediu que a homenagem fosse desfeita. Por um motivo singelo:
quase todas as cartas, o principal meio de comunicação entre as pessoas à época,
traziam no envelope o endereço do destinatário e o novo nome da cidade:
Siqueira Campos (ex-Veado).
Comovido com
a situação, Getúlio queria retornar com o nome antigo, mas, suponho eu, que quem não aceitou dessa feita foi a Igreja Católica. Ficou Guaçui, que significa veado pequeno
na língua tupi.
Viram a
confusão que causa um preconceito?
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