A preguiça
cansa
Cansa tanto
Que preciso
dela
Sempre
descansar
Para
preguiçosamente
À vida
viver.
Zatonio Lahud
A Preguiça
De todas as
paixões a que nos é mais incógnita é a preguiça. É a mais ardente e a
mais maligna de todas, ainda que a sua violência seja imperceptível e
que os seus danos se escondam. Se observarmos com atenção o seu poder,
notaremos que ela se torna sempre mestra dos nossos sentimentos, dos
nossos interesses e dos nossos desejos. Ela é a demora que tem a força
para fazer parar os maiores navios, é uma calmaria mais perigosa para as
grandes empresas do eu do que os bancos de areia e do que as maiores
tempestades. O repouso dado pela preguiça é uma sedução secreta da alma,
que para de repente as lutas mais inflamadas e as resoluções mais
obstinadas. Enfim, para se dar uma verdadeira ideia desta paixão, é
preciso dizer que a preguiça é como que um estado de beatitude da alma,
consolando-a das suas perdas e ocupando o lugar de todos os bens.
La Rochefoucauld, in 'Reflexões'
La Rochefoucauld, in 'Reflexões'
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