Já dizia Nélson Rodrigues que o torcedor do Botafogo é o mais calabrês, mais siciliano do futebol brasileiro, e arrematou afirmando que o torcedor Alvinegro é o único que paga ingresso para exercer seu sagrado e inalienável direito de sofrer. E disse isso no início da década de sessenta do século passado, o auge do futebol brasileiro, quando Botafogo e Santos eram os melhores times do país e do mundo, ao lado do Real Madrid de Puskas e Di Stéfano.
Somos turrões, reclamões, brigões...Não à toa o mascote do Botafogo era o Pato Donald, e mais tarde o Cricri, criação do Henfil, um bichinho chato que incomoda todo mundo. É nossa maneira de ser Botafogo e isso não vai mudar.
Como parecem não conhecer a História do clube, que preserva seus ídolos como nenhum outro, a diretoria do Botafogo insistiu em renovar o contrato do técnico Osvaldo de Oliveira, responsável direto pela saída de Loco Abreu, o maior ídolo do clube nos últimos anos. Goste-se ou não dele.
Renovaram com a "crise". Na segunda partida de 2013 a torcida já exige a saída do treinador, criando um clima péssimo para o restante da temporada. Se o time começar a vencer a coisa tende a se acalmar, mas uma derrota para o Fluminense amanhã, vai fazer o caldeirão de General Severiano ferver de vez.
A diretoria e Osvaldinho foram extremamente inábeis em lidar com a situação, principalmente quando para o lugar do Loco trouxeram o inacreditável Rafael Marques. Osvaldinho alegava que ia mudar a maneira do time jogar- sem um centroavante de ofício-, dispensam o Loco e contratam o Rafael. Ora, mentiram para a torcida e o resultado aí está.
Eis o que é o Botafogo: em 1912 os dirigentes do Botafogo "preferiram abandonar Liga Metropolitana( e arcar com as consequências dessa aparente bravata ) a abster-se de apoiar integralmente dois de seus jogadores, punidos com penas exorbitantes por uma briga em campo." No ano anterior o Fluminense havia dispensado nove jogadores por discordarem da barração de um dos seu, Alberto Borgerth. Diz Mário Filho, em uma crônica para a Manchete Esportiva, enquanto o Fluminense "preferiu perder um time inteiro a deixar de ser o que era, isto é, o Fluminense", o Botafogo solidarizou-se com o seu plantel e chutou o pau da barraca "para continuar a ser mais Botafogo que nunca". Classe é isso ( extraído do livro, Botafogo entre o céu e o inferno, de Sérgio Augusto, pág 30 ).
As maiores conquistas do Botafogo não são taças de metal, são de carne, osso, coração e alma: nossos ídolos. E Loco Abreu é um deles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário