Novembro é o mês perfeito para quem, como eu, mora numa cidade litorânea. Pelo menos, pra mim é. As praias não estão cheias de turistas ensandecidos, o trânsito ainda flui, o clima é ameno e o sol ainda não tem a "responsabilidade" de fornecer o troféu que alguns branquelos feito eu, teimam em levar pra casa.
Numa dessas tardes primaveris, usando o cenário perfeito como desculpa, me levo pra passear e ter uma daquelas boas conversas comigo mesma. Sento na areia, ventinho no rosto, ouço "Minha Menina Bonita" chegando de um quiosque ao lado e...
-Oi, tudo bem?!
Coloco de novo os pés no chão e tento perceber quem está falando comigo. É uma menina. Rostinho miúdo, franjinha, uma graça!
-Oi, respondi sem saber muito bem o que falar, e ela, nem um pouco intimidada, continuou:
-Você tá sozinha aqui, não tem medo?
-Não, moro aqui perto, e você? Tá sozinha? Não tem medo?
-Tô com a minha mãe (aponta para a mãe dela que está há alguns metros de onde estamos)
-Ahhh...
-Mas eu não tenho medo de nada, sabia? Quer dizer, só do que corre mais do que eu.
Ah, é?!
-É, por exemplo, eu não tenho medo de sapo, de minhoca, de joaninha...
-Jura? Você é mesmo muito corajosa!
...mas tenho medo de barata e de rato porque correm mais do que eu! (quando ela fala, sinto o pânico estampado no seu rostinho e me dá um dó, vontade de pegar no colo, acalentar)
De repente, a mãe dela chama:
-Clara, vamos!
-Bom, tenho que ir...minha mãe tá me chamando.
Ela se despede como se quisesse conversar mais e vai ao encontro da mãe. Nem deu tempo de lhe dizer que também tenho medo de tudo que corre mais do que eu. Que pena! Esperta que só, adoraria saber o que ela faz com seus medos... (Clara Gurgel)
Texto terno e singelo. Belo! (Mas você não é branquelo, é branquela,branca azeda! Hihihi...Beijo! )
ResponderExcluirObrigada, Mestre! Já corrigi...bj!
ResponderExcluirDescorrigi, Mestre! Prefiro "alguns branquelos feito eu"...hehehe!!! ;-))
ResponderExcluirEu também gostaria de saber o que ela faz com os medos dela...lindo texto Clara.
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