24 de outubro de 2012

Viva o Vô Beethovem

‎[Viva Vô Beethoven]
Pedro Neiva de Mello

Já munido de seus 96 anos, meu avô, saiu de casa para cumprir o ritual diário de conversar com os amigos no centro de convivência do idoso em Miracema - RJ, sua cidade. Foi com as próprias pernas, como sempre. 

Lá chegado se deparou com a notícia que haveria uma grande feijoada para eles. Bom de garfo salivou e prontamente foi buscar seu lugar à mesa quando lembrou que não poderia se esbaldar, pois lhe faltava ferramenta. Não foi um problema: passou a mão num lápis e papel e chamou um moleque de recados para cumprir a tarefa de fazer a mensagem chegar ao seu destino. Nada deve ter pago ao moleque pois sofria de pão-durice crônica.

Minutos depois a empregada de minha avó ouve alguém bater na porta de casa e vai atender. Chegando lá estava o moleque com o bilhete de meu avô que dizia : "Hoje é dia de feijoada, mande minha dentadura que eu esqueci."

O Vô Beethoven faleceu semana passada, era sogro de meu amigo Saint-Clair, pai do Pedro. Mas, é como sempre digo, ou li em algum lugar, um homem que deixa boas lembranças não morre.


O "Vô Beethoven" 
                                                                                  


                                                                                              


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