Roberto era mecânico de automóvel, baiano, alto, magro, voz grave, sorriso farto e boêmio dos bons!
Depois que bebia umas Roberto se transformava num general com a modesta patente de 22 estrelas, 2 luas e um satélite...russo!!! Como gostava de frisar em alto e bom som. Doce figura, o General, como passou a ser chamado por todos.
Fez logo amizade comigo, meu irmão e chamava meus pais de "Papai Tonicão" e "Mamãe Carmem". Á época, lá pelo final dos anos 70 do século passado, Niterói era uma cidade tranquila, onde quase todos se conheciam.
Um dia nosso General abre uma conta bancária no antigo Banerj. O gerente, conhecido nosso, cai na besteira de dar um talão de cheques ao General. Foi uma festa nos botequins do Ingá, São Domingos e adjacências! Com sua gloriosa patente, General Roberto saiu distribuindo cheques em todos os botecos da área. Quando os cheques acabaram, volta nosso General todo imponente à agência para pegar outro talão. O gerente- de molecagem- ameaça mandar prendê-lo pois havia distribuído um monte de cheques voadores na praça. Nosso General não sabia que tinha que ter dinheiro no banco para passar os cheques, achava que podia pagar depois.
Foi um confusão daquelas! General protestou veementemente: -"Quem vai ter a ousadia de prender um General de 22 estrelas, 2 luas e um satélite...russo!!!- disparou em alto e bom som dentro da agência bancária. "Eu não sabia que tinha de ter dinheiro pra dar os cheques, quero telefonar pro meu papai Tonicão (meu pai) que ele manda pagar logo essa mixaria!"- terminou seu protesto nosso militar de altíssima patente.
O gerente, sabedor que meu pai adorava "seu filho militar", liga e meu pai o tranquiliza dizendo que cobriria o pequeno rombo do General, mas o proibindo de lhe dar outro talão.
General, altivo como sempre, vira-se para o gerente e diz: "Viu, bobão, quem tem pai rico não morre pagão!" E retirou-se, orgulhoso e com sua patente imaculada.
Um dia o General muda-se para Manaus. Passados uns dois anos seu irmão de sangue nos telefonou avisando de seu falecimento.
Comovente história, Zatonio. Se disser que minou água no olho, não me considere um frouxo. Já estou velho e emotivo. E conheci seu pai e sei muito bem que ele era capaz de fazer isso. Era um coração maior que o próprio peito. E você sabe também disso.
ResponderExcluirObrigado, Mestre, a história é verdadeira.
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