Totó me liga para tirar umas dúvidas que andam pipocando em sua cabeça após resolver virar intelectual e adotar o politicamente correto como norte em sua vida. Está em crise de identidade e não sabe mais se é mulato, branco ou negro. Mas vamos ao telefonema de nosso Totó, antes das seis da manhã e a cobrar, como desde sempre.
- Toinha...seu safado, eu e o Jilozinho íamos aí semana que vem mas como você disse que vem no aniversário do Beto do Mané Luis, nós vamos apurar esse negócio seu com essa tal Danielle aqui mesmo, mas tô ligando não é por isso, esse negócio de politicamente correto tá me deixando zuretinha, já nem sei mais o que sou, antes era mulato claro, agora tem uns que dizem que sou afrodescendente, mas minha mãe era filha de portugueses, e como agora sou um ser estudado, li que a origem da humanidade se deu na África, entonces todo mundo é Afro. Eu achava que a humanidade tinha começado com Adão e Eva lá no Paraiso. Tá um nó na minha cabeça, uma confusão dos diachos. O pessoal do censo veio aqui em casa e me perguntaram minha nacionalidade e respondi que era afroportuguesa. A mocinha teve um ataque de risos e botei ela daqui pra fora. E tem mais, o Jilozinho agora deu pra achar ruim comigo quando chamo ele de pançudo, diz que tem é uma protuberante cavidade abdominal, eu não entendo, cavidade é buraco, e buraco pra fora que nem o do Jilozinho nunca vi. Mas pior mesmo foi com a Maria Gargarejo, outro dia fomos fazer amor- viu, não falo mais trepar, estou apurando meu vocabulário-, e na hora da refrega ela me pediu para chamá-la de minha putinha, ela gosta, mas parei e expliquei a ela que esse termo é chulo e politicamente incorreto, que a chamaria de minha modelo ou de minha prostitutazinha, danou-se, ela me mandou a mão nas fuças e disse que eu estava enviadando que nem você, e que a qualquer hora ia começar a fazer poesia também, sorte minha que ela não sabe que já andei fazendo umas, muito melhores que as suas, até seus amigos Saint-Clair, Paulo Laurindo e o Ricardo Novais, disseram que meus poemas são tão bons quanto os de Vinicius de Andrade ou do Carlos Drumnond de Morais; agora vou ler literatura feminima, o Edson, meu mestre, me indicou a Cecília Lispector e a Clarice Meirelles, diz que saõ geniais. Aliás, você podia era trazer essa tal Danielle aqui pra acabar logo com essa fofocada e a gente vê se aprova. Bom vou desligar tenho que ir na missa, estou indo duas vezes por dia, fiz promessa que se o Mengão não cair pra segundona de ir durante seis meses. Se cair vou sumir, vou lá pra Belzonte ficar com o Calinha, não ia aguentar o Jilozinho, o Foguinho( cachorro pinguço e tarado do Jilozinho), você e o resto dos botafoguistas daqui- ô gentinha nojenta!-, chamar de nojento pode , ainda não é politicamente errado não, né?! Bem vou indo pra igreja, semana que vem tamos de esperando, vai vir a turma toda, acho melhor você trazer essa Danielle, se não cê tá lascado, vão te sacanear muito. Abraço...vou lá salvar o Mengão...fui...
Não consegui dizer nem alô...
Às vezes fico com uma baita inveja de você, Zè Antonio. Quando penso que, tendo Totó e Jilozinho ao seu lado, jamais lhe faltará assunto para o blog. Já até estou achando que isso é uma bênção à moda Silas Malafaia.
ResponderExcluirHahaha...que benção mais...deixa pra lá.
ResponderExcluirTotó é um gênio. Uma autêntica metamorfose ambulante.
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