7 de novembro de 2010

O capitalismo brasileiro avança

Li um artigo excelente de Michel Blanco sobre preconceito, xenofobia e rascismo, que vieram à tona como nunca nas últimas eleições e expuseram as vísceras de nosso secular autoritarismo . O avanço de nosso capitalismo, aliado  às políticas sociais do governo, incorporaram boa parte das classes C e D ao mercado de consumo, provocando horror, revolta e ódio em parte de nossa elite dita bem-pensante e de parte da classe média que se acha parte desta mesma elite, ou aspira ascender a ela e segue seus ditames. Temos um governo  de esquerda que teve de se aliar a algumas oligarquias regionais e parte da burguesia nacional para poder governar. Só para lembrar: o vice-presidente José Alencar é um dos maiores empresários do país; o presidente do Banco Central é Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco de Boston, um dos ícones do capitalismo americano; Abílio Diniz dono do grupo Páo de Açucar e Eike Batista, talvez os dois maiores empresários do país, apoiaram Dilma. Não são burros, sabem que quanto mais gente no mercado de consumo, mais aumentarão seus lucros. Não são bonzinhos, são capitalistas. Os agiotas do sistema financeiro nunca ganharam tanto dinheiro. Pelo que me consta essa gente não tem nada de esquerdista.

O problema é que fomos acostumados a achar que pobre foi feito para nos servir e ficar com as sobras de nosso consumo- as roupas velhas para a empregada; a televisão usada para o porteiro; o garçom a nos chamar de doutor. Quando os de baixo começam a se mover, os de cima se assustam e- burramente- querem manter seus privilégios, não adianta, vão ter de se adaptar à nova realidade.

A era do cada qual em seu lugar acabou, somos tão autoritários e excludentes, que lá em São José do Calçado onde nasci, até pouco tempo atrás os clubes eram separados, o dos brancos e o dos negros, com um agravante, os brancos podiam ir no clube dos negros(por ironia denominado Clube dos Operários) e eles não podiam ir no " nosso". Andávamos juntos, brincávamos juntos, estudávamos juntos- mas cada qual no seu lugar. A senzala ainda nos ronda, tristemente.

Tenho uma amiga que não tem onde cair morta, mas é bem apessoada, se veste bem e se acha classe média, um poço de preconceitos, principalmente contra pobres, que na cabeça dela ou são serviçais submissos ou bandidos. Ah, é verdade!, odeia evangélicos, mas tem uma gurua... portuguesa! Ai...ai...como sou preconceituoso.

Não sou especialista, mas o avanço dos evangélicos está intrinsicamente ligado ao avanço do capitalismo brasileiro; Lutero, Calvino, et-caterva, são , grosso modo, crias do capitalismo que precisava romper com as estruturas arcaicas que o impediam de se expandir, o mesmo anda , com alguns séculos de atraso, ocorrendo por aqui.



                                                                   

4 comentários:

  1. O preconceito, a discriminação e corrupção esta no sangue, acabei de ler o livro 1808 contando a trajetória da corte portuguesa no Brasil e a historia faz nos viaja e concluir que só mudou a geografia, mas o povo é o mesmo. a metade da população era de escravo e hoje a metade é de favelado concluir que a metade é analfabeto.

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  3. Antonio, creio que o preconceito, entre nós, é mais social, cultural e econômico, afinal somos uma mistura de etnias. Abraço!

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  4. Esse negócio de igualdade, liberdade e fraternidade, entre nós, só se for na casa do vizinho, porque aqui o que impera mesmo é o "sabe com quem está falando?"

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