José Manoel, de batismo, Zé Mané, na vida, é um questionador revoltado com o mundo e suas incongruências. Detesta o nome: " Somos milhões de zé manés no Brasil e eu tenho de carregar o fardo deste nome maldito, não é justo...não mesmo!"- protesta ele. Já cheio de umas e outras- já está nas outras- seu esporte predileto é falar mal do governo. Final de tarde, boteco cheio, a turma exige de Zé Mané um discurso. Dirige-se ao centro do salão, entorna mais uma dose de conhaque e inícia sua peroração, rodeado de pinguços de todas às estirpes. A voz potente, um tanto quanto pastosa( por motivos óbvios) retumba pelo boteco.
" Zés, como eu, manés como " vozes", é preciso dar um basta na canalhada que tomou conta de nosso Brasil, outrora varonil, agora feminil, reajamos irmãos em fé e cana, vejam vocês hirsutos contribuintes, o governo federal, sustentado com o suor e o sangue de nossa labuta incessante, dispõe de quarenta e sete mil cargos de confiança para distribuir entre seus apaniguados e asseclas...um descalabro! Ora meus nobres colegas de altercações álcool- filosóficas, funcionário do Estado, qualquer um- do presidente ao mais humilde faxineiro é empregado nosso...do povo, que unido ou desunido sempre é vencido. E vejam meus nobres ouvintes, os dados que vos passo nessa sagrada hora de comunhão álcool- afetiva, se referem somente ao governo federal, imaginem vocês o que não ocorre nos estados, mormente os mais carentes, quase sempre dominados por oligarquias vorazes, como um cardume de piranhas, em abocanhar os suados reais que tiram de nossos esturricados bolsos. E " vozes", meus inauditos e ignaros companheiros de doces aventuras botiquinescas, me chamam de Zé Mané, o sou por imposição batismal e cartorial, pior sois "vozes", que o são por serem pobres anacolutos desta pátria, que antes de mãe gentil, é madrasta...a mais vil! Agora vosso vigintivirato orador vai sorver um nobre Jorginho( conhaque Georges Albert) no intuito de alimentar os neurônios de vigor energético advindo das nobres vinhas que produzem tão extasiante néctar. E tenho dito!
QUERIDOAMIGO BLOGUEIRO
ResponderExcluirMUITO LEGAL ASUA POSTAGEM, QUE BOM PERCEBER QUALIDADE EM TEXTOS E ISSO REVELA, QUE APESAR DE TODA A BAGUNÇA DOS DIAS EM QUE VIVEMOS NA ATUALIDADE, AINDA EXISTEM PESSOAS ESPECIAIS QUE TEM IDÉIS E PENSAMENTOS LEGAIS COMO O SEU.
FELICIDADES E UM ÓTIMO FINAL DE SEMANA E FERIADO PARA VOCÊ.
UM ABRAÇO
FÁBIO LUÍS STOER
Zé Mané é um sábio movido a conhaque Jorginho. Se tomasse Napoléon, seria um portento.
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