7 de setembro de 2010

E só

Solidão não é estar sozinho- não!-, é estar abandonado, de si, do outro, do mundo.  Solidão paralisa, machuca a alma, é não-opção; estar sozinho é reflexão, estar em acordo com seus sentimentos: é ver, sentir, pensar, é opção. Vivi anos em solidão acompanhada e descobri que o caminho, o meu, era outro. E não passa pelo outro, qualquer outro, passa por mim e " minhas circunstâncias"( Sartre, acho...se não for corrijam-me). O outro pode  completar parte de mim, mas não pode ser muleta, controle, conflito; solidão acompanhada, mal!
Paz é a chave, não ser feliz, uma impossibilidade existencial: ninguém é feliz completamente sabendo que a morte lhe espera na esquina, se não na próxima, na seguinte. Paz é aceitação de nossa finitude, de nossas impotências, da impermanência das coisas e da vida e ainda assim ser grato a ela. Grato por ler um belo poema; grato pelos amores que passaram; grato por poder ouvir Beethoven; grato pelo amor que virá, se não vier, chore, e seja grato às lágrimas por expelirem sua dor.

Já tive diversas mulheres e estava sozinho; vivi anos rodeado de amigos nos bares da vida e estava sozinho; comprei todos os prazeres que o dinheiro pode( supostamente!) comprar e es tava sozinho. Acabei-me em solidão. Hoje não estou mais sozinho, descobri que sou uma excelente companhia,  ao menos para mim. O que no momento anda me bastando.

"...e só quando estamos em nós/ estamos em paz./ Mesmo que estejamos a sós". Paulo Leminski.




3 comentários:

  1. Muitas vezes estou acompanhada mas sinto-me sozinha,isso acontece mais vezes do eu queria mas a vida é mesmo assim.Adorei o seu blog

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  2. Não fossemos, nós, herdeiros de Fernando Pessoa, não é Rosa?!

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  3. Zé Antonio, você anda se superando nos textos. Cada um mais bonito que o outro. Este, por exemplo. Seu blog agora está mais bonito visualmente. Parabéns pela reforma!

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