Era sábado, seis e meia da manhã estou na padaria tomando café, abro o jornal e lá de fora alguém me grita:- Oi Zé! Bom dia!
- Bom dia Rita, vai aonde tão cedo?
-Vou à praia, o dia está lindo e quero aproveitar, ontem me estressei com meus filhos, com a empregada, com o namorado....
Falou uns dez minutos, terminei o café, jornal debaixo do braço e saio com minha amiga, na esquina nos despedimos. Chego no Posto, sento-me na varanda da lanchonete, abro o jornal e quando começo a ler, alguém me chama: - Zé...vim aqui te dar um abraço e quero que você ouça um negócio, vem aqui no carro.
Deixo o jornal na mesa e vou ao encontro do Jocemar em seu carro cheio de caixas de som no teto. Ele desce me dá um abraço e diz: - Consegui um gravação maravilhosa da Oração da Serenidade, vim aqui porque quero que ouça, desde que comecei a frequentar o AA, essa oração é meu guia, escuta aí...
Entra no carro e liga o som, na maior altura possível. Eu, impassível, penso cá comigo: se o nome do troço é Oração da Serenidade, deve ser feita em voz baixa, mas não ia dizer isso ao meu empolgado amigo. Oração terminada, ouvido zoando, ele se vira e diz: - E aí, gostou?!
- Adorei...ficou realmente muito linda!
-Sabia que ia gostar...vou botar de novo! E liga o som ainda mais alto. Ainda não eram sete da manhã. Quando termina, desce do carro, me da´outro abraço e parte.
Volto, acendo um cigarro, abro o jornal e...e...entra Posto adentro, como um furacão, D'paula, a bordo de seu possante Passat azul. Estaciona, abre a mala, tira uma jaca de uns dez quilos, traz a jaca e a deposita na mesa, por sobre o jornal e, sem ao menos me cumprimentar, vai logo dizendo: - Essa jaca é da Joana,é lá do sítio, vou deixar aqui e você entrega pra mim.
- Mas por que você não deixa na casa dela, é aqui pertinho?
- Tá maluco, a mãe dela é muito brava, não vou lá de jeito nenhum, e tem mais, você está é de má-vontade, se não quer entregar fala logo, eu levo a porra da jaca de volta lá pro sítio e digo à Joana que você não quis guardar a jaca dela, quem vai ouvir é você...
- Tá...eu entrego, é só isso?
-Não, tem uma coisa que quero que experimente, é semente de sucupira( não tenho certeza do nome, mas é parecido), é uma castanha muito boa, dá um tesão desgraçado!
Antes que pudesse responder, enfia a mão no bolso pega algumas, esparrama no chão- limpíssimo de um posto de gasolina- e vai quebrando com fortes pisões e me dando os pedaços. Eu? Fazer o quê? Fui comendo...
Livre do D´paula, volto à mesa, abro o jornal e recomeço minha tentativa de leitura quando chega o Valtinho, velho amigo e vizinho, chega nervoso, senta-se ao meu lado e começa a me narrar a briga que acabara de ter com a mulher...fala uns quinze minutos e diz pra mim:- Zé se você já leu o jornal posso levar? Hummm...jaca bonita...a Ana adora jaca....
- A porra do jornal você pode levar, não li e nem quero ler, agora a jaca é da Joana, liga pra ela e pede um pedaço, e me dá licença que tenho que sair. E saio rumo ao Bar do Serafim, puto, quando toca o celular. Era minha mulher: - Mamãe fugiu de casa!
- O quê?!?!
- Mamãe fugiu...
- Porra, até que enfim uma notícia boa hoje!
Um mês dormindo na sala e greve total. Das seis às oito da manhã de um lindo dia de sábado, eu quase voltei a beber. Depois de doze anos. Não...não bebi...mas foi por pouco.
- Bom dia Rita, vai aonde tão cedo?
-Vou à praia, o dia está lindo e quero aproveitar, ontem me estressei com meus filhos, com a empregada, com o namorado....
Falou uns dez minutos, terminei o café, jornal debaixo do braço e saio com minha amiga, na esquina nos despedimos. Chego no Posto, sento-me na varanda da lanchonete, abro o jornal e quando começo a ler, alguém me chama: - Zé...vim aqui te dar um abraço e quero que você ouça um negócio, vem aqui no carro.
Deixo o jornal na mesa e vou ao encontro do Jocemar em seu carro cheio de caixas de som no teto. Ele desce me dá um abraço e diz: - Consegui um gravação maravilhosa da Oração da Serenidade, vim aqui porque quero que ouça, desde que comecei a frequentar o AA, essa oração é meu guia, escuta aí...
Entra no carro e liga o som, na maior altura possível. Eu, impassível, penso cá comigo: se o nome do troço é Oração da Serenidade, deve ser feita em voz baixa, mas não ia dizer isso ao meu empolgado amigo. Oração terminada, ouvido zoando, ele se vira e diz: - E aí, gostou?!
- Adorei...ficou realmente muito linda!
-Sabia que ia gostar...vou botar de novo! E liga o som ainda mais alto. Ainda não eram sete da manhã. Quando termina, desce do carro, me da´outro abraço e parte.
Volto, acendo um cigarro, abro o jornal e...e...entra Posto adentro, como um furacão, D'paula, a bordo de seu possante Passat azul. Estaciona, abre a mala, tira uma jaca de uns dez quilos, traz a jaca e a deposita na mesa, por sobre o jornal e, sem ao menos me cumprimentar, vai logo dizendo: - Essa jaca é da Joana,é lá do sítio, vou deixar aqui e você entrega pra mim.
- Mas por que você não deixa na casa dela, é aqui pertinho?
- Tá maluco, a mãe dela é muito brava, não vou lá de jeito nenhum, e tem mais, você está é de má-vontade, se não quer entregar fala logo, eu levo a porra da jaca de volta lá pro sítio e digo à Joana que você não quis guardar a jaca dela, quem vai ouvir é você...
- Tá...eu entrego, é só isso?
-Não, tem uma coisa que quero que experimente, é semente de sucupira( não tenho certeza do nome, mas é parecido), é uma castanha muito boa, dá um tesão desgraçado!
Antes que pudesse responder, enfia a mão no bolso pega algumas, esparrama no chão- limpíssimo de um posto de gasolina- e vai quebrando com fortes pisões e me dando os pedaços. Eu? Fazer o quê? Fui comendo...
Livre do D´paula, volto à mesa, abro o jornal e recomeço minha tentativa de leitura quando chega o Valtinho, velho amigo e vizinho, chega nervoso, senta-se ao meu lado e começa a me narrar a briga que acabara de ter com a mulher...fala uns quinze minutos e diz pra mim:- Zé se você já leu o jornal posso levar? Hummm...jaca bonita...a Ana adora jaca....
- A porra do jornal você pode levar, não li e nem quero ler, agora a jaca é da Joana, liga pra ela e pede um pedaço, e me dá licença que tenho que sair. E saio rumo ao Bar do Serafim, puto, quando toca o celular. Era minha mulher: - Mamãe fugiu de casa!
- O quê?!?!
- Mamãe fugiu...
- Porra, até que enfim uma notícia boa hoje!
Um mês dormindo na sala e greve total. Das seis às oito da manhã de um lindo dia de sábado, eu quase voltei a beber. Depois de doze anos. Não...não bebi...mas foi por pouco.
Este é o Zatonio, sempre performático! Aliás, Dom Zatonio, tá promovido e pronto.
ResponderExcluirJá houve dias melhores. Este, pelo menos, rendeu uma boa crônica. Beleza, mano!
ResponderExcluirAchei um absurdo vc e esse povo todo acordar tão cedo nun sábado.... heheheheh.
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