Vivera em paixões. Não havia meio-termo, ou tudo ou nada. E quando o tudo se acabava, vinha o nada, recheado de dores, saudades, feridas abertas nos excessos da paixão. Invejava os que conseguem viver com equilíbrio, na mansidão de um amor tranquilo e sereno. Devem sofrer menos, imaginava. Mas era outra sua natureza, a modorra do dia a dia, do sexo calmo, das águas plácidas e serenas de uma enseada não o atraiam. Até tentou, mas logo se dirigia ao mar revolto. É ali que se encontrava, mesmo sabendo da impossibilidade de viver por muito tempo em mares bravios. E o mar o arremessava sempre na solidão de uma praia selvagem. Marinheiro audaz, após um tempo cuidando de sua feridas, lá estava ele novamente a enfrentar novos mares revolutos. E novas paixões, " infinitas enquanto durem", e novas desilusões, se acumulando naquele peito dado aos amores exacerbados. Depois de muitos mares, muitas alegrias, seguidas, claro!, por novas desilusões, aquietara-se. Vivia, nos últimos tempos, vida tranquila, em paz, como um veleiro deslizando plácido em águas serenas.
Mas o mar revolto o encontrou, veio disfarçado em longos e ondulados cabelos negros, voz forte e sensual...decidida, incisiva, apaixonante. Mas está longe o novo mar a ser conquistado...bem longe. um mar sofrido também, tão sofrido que quer virar enseada. Melhor que seja assim, pensa o homem. Que seja feliz, exclama em sua solidão. Por dentro o sangue lhe ferve, vontade quase que incontrolável de ir ao mar bravio novamente. Melhor não...Deixe o mar virar enseada. Ao menos tentar. E vai fumar um cigarro, sentindo o cheiro forte e gostoso daquele novo mar, que não vai enfrentar. Ainda não...
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