19 de julho de 2010

Tragédia

No post, Morto por nós, escrevi que deveríamos discutir a situação do ensino público no país. Hoje me deparo com o resultado do Enem- 2009- e a tragédia, o descaso, a incúria, a cafajestice é maior que imaginava. Entre as mil melhores escolas, 887 são particulares; 85 federais; 26, estaduais; e 2, é...2, são municipais. Entre as dez melhores, rigorosamente todas, são particulares e entre as dez piores, rigorosa e solenemente, nove são estaduais e uma municipal; todas, portanto, públicas. Eis aí retratado o futuro da  maior parcela de nossa população: a ignorância; a submissão a salários miseráveis; a exploração de sua miséria por políticos e religiosos inescrupolosos; a vergonha de se submeter em viver de favores de governos populistas e corruptos; a violência policial; a toda sorte de humilhações, tanto físicas, quanto sociais. Enquanto isso um governo de esquerda, o primeiro da história do país, está preocupado em fazer Copa do Mundo e Olimpíadas. Bilhões serão gastos, boa parte roubados- desvio é o cacete, quem tem desvio é ramal ferroviário- e sabem o que sobrará: dividas e elefantes brancos, como os do Pan no Rio. As ratazanas vão se fartar!

Não é admissível,  que um governo que quer mudar o país- e algumas coisas mudaram, para melhor- não enfrente, com coragem e denodo, a tragédia educacional brasileira, o descalabro em que se encontra, privilegiando o ensino privado e privando a maior parte de nosso povo de um futuro minimamente digno. Votei no PT, fui petista nos primórdios do partido, e lamento profundamente o descaso do partido com a questão educacional.

Por onde andam os movimentos socias, tão empenhados em instituir cotas para estudantes carentes nas universidades, que não se mobilizam para exigir o essencial: Ensino público de qualidade para todos; negros, índios, brancos, amarelos, vermelhos, azuis, etc. A igualdade começa na base da pirâmide e não no cume. No cimo chegam os melhores, os mais inteligentes, os mais esforçados. São minoria e não precisam do Estado.  O PT tem obrigação de enfrentar a situação de frente. Não queremos cotas para uns, queremos cotas para todos. É direito de nosso povo, e obrigação do governo. Principalmente de um governo de esquerda.

2 comentários:

  1. O retrato do Brasil pode ser visto numa propaganda de refrigerante veiculada recentemente: meninos pobres, ao tomarem da bebida, são transportados para um estádio e ovacionados pela galera. O problema da educação não é projeto de governo é projeto da nação. E a nação, que já conseguiu o celular, sonha agora com o carro do ano. Já dizia o filosofo Joãozinho Trinta: pobre gosta de luxo.

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  2. Vê só: nem bem postei o comentário acima, vou a outro blog e encontro a frase: "Estar preparado não é ter diploma. Todos sabemos de um personagem que não tinha diploma e chegou a Presidente da República". Taí, o que você escolhe, tornar-se classe média ou ler os clássicos?

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