18 de julho de 2010

Sonhos

E os sonhos

de um mundo
mais igual
de justiça social,
o que sobrou deles?

pouco, quase nada
talvez umas fotos
perdidas numa gaveta qualquer
talvez um discurso
sem eira
sem beira
sem futuro
num boteco qualquer
bebendo um conhaque barato

no chão fétido
do boteco, qualquer,
a barata desfila
sua imensa feiúra,
mulheres gritam

num gole
sorve o conhaque e
esmigalha a barata
com seus sapatos rotos

o cadáver daquela barata
foi o que sobrou de seus sonhos,
uma morte barata
bebendo conhaque barato
num boteco barato
eivado de mulheres baratas.

5 comentários:

  1. Afrontar os poderosos sempre será uma saga. Para muitos, a vitória da igualdade sempre será utópica. Aos poucos, bravos sobreviventes deste mundo inquestionável, manterão viva a esperança dum céu azul para todos.

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  2. A barata pode ter morrido mas o sonho não. Pode não estar no noticiário das oito, pode não estar na ordem do dia, pode até estar travestido de lady gaga mas nunca morrerá pois, enquanto houver um mar e um argonauta interrogando as estrelas haverá um motivo para sonhar.

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  3. São esses caminhos, repletos de rastros e espinhos, que compoem a nossa trajetória. Que somada a todos os sentimentos e emoções, viram história!
    E nada de baratas!

    Abraços

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  4. Por estes dias, uma barata disse-me: Ei, senhor desgraçado, tuas coisas não valem muito, pois conheço todos teus defeitos. Eu tive de concordar; as baratas sempre se fazem presentes, são criaturas extraordinárias!

    Poema magnífico, Zatonio.

    Um abraço.

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