15 de julho de 2010

A jaqueira atéia

Outro dia estava conversando com uma amiga e ela me disse ter se convertido a uma crença, pois não pode acreditar que tudo se acabe com a morte. Disse a ela: " Não, não acaba, a vida continua, no seu filho, no meu, assim é a natureza." O medo é o pai de todas as religiões. Medo do não ser, da nossa finitude individual. Do desconhecido, que não existe; a morte é o não existir mais. Ora, dirão os crentes( como os invejo!) se assim é, não há sentido na vida. E por acaso há sentido num Deus, ou deuses, que cria um mundo baseado na morte? Sim, para sobrevivermos, nós, e todas as espécies, precisamos da morte de outro ser. Sádicos esses deuses. Vivem de sangue vossos deuses. Sou cético, sempre fui. A liberdade só existe na dúvida, no questionamento; certezas absolutas só levam a ditaduras, tanto políticas, quanto religiosas.

Quando estava tendo aula de catecismo, lá em São José do Calçado, Espírito Santo, a professora falava sobre a sabedoria divina,e me saiu com essa : " Vejam vocês a perfeição de Deus, a jabuticaba, por ser uma fruta pequena, pode nascer no alto das árvores, se cair sobre nossa cabeça não nos machuca; já a melancia, por ser grande nasce no chão, já imaginaram uma melancia caindo na cabeça de alguém?" De pronto respondi: " Mas professora, lá no quintal de meu avô tem uma jaqueira e jaca é grande e nasce no alto!" Fui expulso da sala. E aos oito anos perdi a fé que já não tinha. Me impuseram. E dei sorte, a santa inquisição( cruzes!) já havia acabado, Caso contrário é bem provável que fosse queimado, na jaqueira que ousou desafiar a sabedoria divina.

 Lembrei-me da história ao ler o artigo de Bruno Cava no Amálgama, excelente blog: 


http://www.amalgama.blog.br/07/2010/meu-ateismo-radical/

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