São José do Calçado |
Estou aqui pensando no que escrever, a mente está dispersa, e quando estou assim viajo até minha infância. Tive uma infância feliz e tranquila na minha querida São José do Calçado. Futebol com os amigos, jogar botão, pegar passarinho, banho de rio, roubar jabuticaba no quintal do Chico Vieira.
Até que meu pai resolve mudar para Niterói, aí adveio o inferno. Passei um ano chorando, só parava na hora de ir à escola. Nada, até hoje, me doeu mais que a brusca mudança. Chorava...chorava...chorava...
Saudade é o tempo que não passa dentro da gente, e dói...a saudade das ladeiras sinuosas de minha terrinha amada...e dói...a saudade dos amigos eternos em meu coração, alguns perdidos para sempre na infinitude do mundo, mas guardados com carinho em meu coração. Não, não é uma dor que machuca, é dor que renova, antes- talvez- proteção que dor. É lá, nos melhores 12 anos de minha vida, que procuro refúgio das dores sentidas- atuais e vindouras.
Arrancaram-me do meu paraíso como se arranca uma raiz do solo. Mas as sementes se renovam e renascem em meu coração, e quando brotam novamente, como agora, algumas lágrimas fugidias escorrem em meu rosto. Lágrimas de saudade, sim...mas também de alegria por ter comigo cada ladeira de Calçado. Agora mesmo, estou descendo a Rua XV, vou no poço do Chicão tomar um gostoso banho de rio. No caminho encontro o Zé Manada, a Cascuda e o Divino Zói de Sapo.
Escondo-me atrás do poste e grito: Cascuda!!! E lá vem ela, correndo e xingando todos os palavrões que conhece. Corro, escapo, e pouco mais à frente, grito novamente: Divino Zói de Sapo!!! E lá vem ele, porrete na mão, tentando me pegar...corro...corro...feliz...rumo ao rio Calçado, que é o maior rio do mundo, não por ser o rio de minha aldeia, não, grande Fernando Pessoa...mas por ser o rio do meu coração, onde desagua toda a saudade que tenho de ti, terra querida... e eterna!
Eh, saudade matadeira, Zé Antonio! Gostei da frase: "Saudade é o tempo que não passa dentro da gente." Belíssima!
ResponderExcluirQuando vim para a cidade grande, certos colegas de faculdade riam das minhas raízes interioranas. Dizia para eles, então, que eu era mais rico do que os urbanóides, que não tinham provado do gosto, do cheiro e da vivência que tivemos nos nossos lugarezinhos escondidos.
Temos os dois lados. Os urbanos, apenas um. Eh, nós, sô!
Penso que esta é a verdadeira vida boa de qualquer um que teve uma infância saudável. O que perde um país onde suas crianças não conseguem ser apenas crianças!
ResponderExcluirQue saudade! Cada lágima que corre nos dá a certeza que fomos muito felizes em nossa terra querida.
ResponderExcluirAngela Sá Viana
Toinha,sei que posso te chamar assim. Calçado é uma cidade que tem uma magia que contamina todos os que lá viveram um tempo de suas vidas. Eu, por exemplo, agora moro em Curitiba, e sinto uma saudade que chega a doer fundo... Estive por lá em Dezembro (2009), passei o mês inteirinho andando a pé, por todos os lados, pois,só assim é que se sente verdadeiramente a magia que a cidade tem . Confesso que refiz as minhas forças, tive a minha energia renovada, e o pior que já começo a sentir que ambas começam a se esvair...Saudades de você também...
ResponderExcluirRealmente,Toinha,nossa Calçado fica em nossos corações de tal maneira, que às vezes se torna inexplicável.É o ar puro circundado pela encantadora Serra do Jaspe,os exuberantes Pontões -como em mãos postas orando por nós,o Vale do Jacá de uma beleza indescritível,tudo isso misturado na beleza de nossa gente-o calçadense -que orgulha de ser broinha,de ser interiorano,de ser cidadão do mundo,abençoado por São José.Saudades e um grande abraço.
ResponderExcluirMe lembra Cassimiro de Abreu... "Oh! que saudades que tenho
ResponderExcluirDa aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!"
A saudade, ainda mais este tipo de saudade, é coisa pra ser guardar do lado esquerdo do peito! Gostei do seu conto!
Falar de Calçado emociona, quando lembramos da liberdade da nossa infancia e adolescencia.Dos banhos pelados no rio e os galopes do Cabo Nilo, no roubo de laranjas e mexirica nos quintaes das residências, inclusive a nossa,nas serenatas que faziamos nas janelas.Dos bailes no Colégio de Calçado. São tantas recordações que poderia se transformar num livro. É muito bom recordar nossa infância e adolescencia nessa querida terrinha.
ResponderExcluir"Saudade palavra doce que traduz tanto amargor, saudade é como se fosse espinho cheirando flor."
ResponderExcluirQuando sai de Calçado,deixei um pedaço do meu coração.Sempre presente em pensamento,refletindo sobre o que ficou para traz. Amigos de infancia, adolescencia,que hoje estão em varios lugares desse país.E que,hoje, somente se encontram nas datas comemorativas como: FESTA DE CALÇADO,CARRO DE BOI,CALÇADENSE AUSENTE e outras.Nos anos oitenta e noventa procurei colocar as festividades calçadenses na mídia.Levei a 7ª etapa do 4º campeonato de motocros,disputada atráz da Divineia, divulguei as festas do calçadense ausente na gestão do meu amigo, Reinaldo Lima e Marco Aurelio Leite,presidente e vice presidente do CLUB DO CALÇADENSE AUSENTE, e fiquei honrado pela homenagem na distribuição, pelos vereadores, de um cartaz da festa do Calçadense Ausente, criado por mim em aerografia,aos homenageados da festa.
Gostaria de ver alguem com a disposição desses dois,para Calçado voltar a fazer esses encontros da Saudade. Hoje, com a internet, será fácil divulgar o evento.
"SAUDADE PALAVRA DOCE QUE TRADUZ TANTO AMARGO,
ResponderExcluirSAUDADE É COMO SE FOSSE ESPINHO CHEIRANDO FLOR.
ESSA PALAVRA SAUDADE, AQUELE QUE A ENVENTOU,
A PRIMEIRA VEZ QUE A DISSE, COM CERTEZA QUE CHOROU".
Tenho saudade dos encontros das festas de Calçado,dos Calçadenses ausentes,quando tinhamos certeza de que encontrariamos pessoas que não viamos a tempos.
Nos anos 80 até 98, quando de minha chegada na Rede Gazeta de Comunicações, procurei divulgar os eventos em Calçado. Na época falavam SÃO JOSÉ DOS CALÇADOS. Quando promovi a 7ª etapa do 4º Campeonato Estadual de Motocros,divulguei no JORNAL E TV GAZETA,que na época pegava em Campos e até Muriaé.Todas as festas do Calçadense Ausente na gestâo do Reinaldo Lima, vulgo Pó de broca,e Marco Antonio Leite.
Depois deles, não vejo mais falar nas festas dos Calçadenses ausentes.Seria bom que alguem pegasse a direção do Club dos Calçadenses Ausentes, e voltassem a promover esses encontros para a felicidade geral dos Calçadenses.