Na tragédia que se abateu sobre Niterói, soube hoje pela manhã, da morte do Pará, que há mais de vinte anos vendia coco no final da praia de Icaraí,e ponto de encontro dos amigos que andam comigo na praia.
Trabalhava das seis da manhã até dez, onze da noite. De domingo a domingo.
Morava no morro do Estado, e saiu com a mulher para ajudar vizinhos cujas casas haviam desabado. Ao retornar para sua casa ela desabou soterrando ele e sua esposa. É mais um herói anônimo dentre os milhões que lutam bravamente para sobreviver nessas terras que, dizem os ufanistas, ser abençoada por Deus. Assim seja...
Ninguém discordava do Pará: falava rápido e enrolado, a gente não entendia e concordava, deixando-o todo satisfeito. Trabalhador ele era, mas a barraca era um tanto quanto zoneada e não raro o coco estava quente. Nada que afastasse sua freguesia, composta por muitas crianças, que ele adorava. Crianças e os vira-latas da área: pela manhã reuniam-se, cinco, seis, deitados na areia esperando os petiscos que o Pará guardava para eles.
Já deve estar enterrado, o Pará. É apenas mais um número perdido num cemitério qualquer da cidade.
Descanse em paz, bom Pará...você que tanto trabalhou nessa vida e morreu estendendo as mãos aos seus semelhantes.
Mais um para o Memorial dos Esquecidos. Pará ao menos ganhou imortalidade aqui na página, quanto aos outros... um minuto de silêncio bastaria?
ResponderExcluirTipos como o Pará são os verdadeiros heróis de nossos dias. E não uns e outros aí que ganham milhões, têm a mídia em cima reportando até "problemas pubianos, e outros que, eleitos, rapinam o povo e, quando morrem, viram ruas, estátuas e nomes de escolas.
ResponderExcluirEstou com você: Pará é um herói.