Simãozinho é um querido amigo aqui de Niterói; campista de origem, advogado e boêmio de boa estirpe, companheiro de anos e anos de tertúlias nada literárias no Chalé, templo dos boêmios niteroienses. Durante anos bebemos juntos, até que, após longa e produtiva carreira nas esbórnias da vida, abandonei o campo de batalha. No auge, como é de bom tom aos grandes profissionais. Mas vamos ao Simãozinho.
Sexta-feira por volta de meia-noite estávamos bebendo no Chalé- éramos uns oito na mesa- quando adentra o gramado uma morena de parar o comércio,como diziam os antigos. Devia morar nas redondezas, pois sempre passava por ali, despertando os olhares cobiçosos dos pinguços de plantão. Entrou, fisionomia triste, sentou-se na mesa ao lado da nossa( sentou-se na cadeira ao lado da mesa, como dizem os lusos em sua lógica retilínea), pediu um chopp e ficou lá... só e bela!
A pinguçada toda alvoraçada esperando para ver quem daria o bote primeiro . Simãozinho levanta-se vai ao banheiro e , quando retorna, traz uma dose de martíni todo paramentado- com cereja e tudo, dirige-se à mesa da morena e dispara em alto e bom som:
- Posso saber o que faz perdida nesse valhacouto de pinguços tão belo exemplar da espécime jambeira( morena-jambo)?! E sem esperar resposta, contínua:
- Permita-me oferecer-te um modesto drink, em nome de todos aqui presentes, por adornar este ambiente, deverás taciturno, com sua iluminante beleza- encerra o Simão, sob aplausos entusiásticos de todos.
Surpresa a morena esboça um sorriso; que foi o bastante para o galante Simão sentar-se e iniciar as tratativas preliminares de uma noite que prometia ser gloriosa para ele.
Voltamos às nossas conversas mas de olho no papo de Simãozinho com a morena. Tudo corria nos conformes, quando lá pelas tantas a moça diz:
- Eu moro aqui perto!
Simão responde:
- Eu imaginei, te vejo passar sempre por aqui.
- Ah, então você me olha quando passo aqui, né- diz, ela.
- Se olho...já me masturbei mais de trinta vezes pensando em você minha filha!!!- diz ele, empolgado
Silêncio aterrador no, até então, alegre ambiente. Todos os olhares se voltam para a morena, que ficou rubra; após se recuperar do impacto causado pela inusitada declaração, levanta-se, pega o copo de chopp, joga o líquido no rosto do Simão e diz:
-Grosso!!! Canalha!!!
E vai embora. Simão, sem entender direito o ocorrido, vira-se para nós e diz:
- Mas eu só estava elogiando!!!
Gargalhada geral e, logo após,o coro:
Eu...eu...eu o Simão se fudeu...eu...eu...eu... o Simão se fudeu...
Foi da glória ao infortúnio em poucos minutos nosso Simão; mas entrou para a História como autor da cantada mais sutil, gentil e delicada de todos os tempos
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Desculpe, mas Simãozinho na aprendeu nada na Faculdade de Direito. Esqueceu da máxima fundamental: Ninguém é obrigado a confessar a própria torpeza.
ResponderExcluirSimãozinho, com certeza, era um româtico, embora fosse sutil "como uma manada de elefante", conforme diz o ditado. Mas ele é advogado e aprenderá a se "defender" melhor.
ResponderExcluirEdson Lobo Teixeira